quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

É preciso mudar!

Sejamos catadores de solidariedade, de caridade, de amor desprendido,
para aliviarmos o sofrimento e o desengano dos catadores de lixo,
reciclemos nossas emoções, tornemos nosso caminho menos sofrido,
que podermos portar com orgulho, se for o caso, um belo crucifixo.

O homem justo cresce e se desenvolve ético por opção, não por coersão.


Apesar da miséria da matéria
Que os consome com sede e fome
Persiste a dignidade pulsante
De lutar pela vida com honestidade
na riqueza do lixo, impropriedade,
Transformar sua verdadeiraEm alimento d'existência,
Em caminho e rumo,
Em arte e beleza...
Em sobrevida possível, única certeza...
Em desafio único pra se manter a decência
Em desafio constantementeD'um altar e precipício
D'onde vem o sustento, a esperança...
N'outras a morte ou o perigo...
Fazem pra si e por todos como cidadão
Que não esperam pelo governo hoje tão ausente
Que se promovem na dor e abandono das gentes.

“Catadores de lixo”. O nome não importa, o peso é o mesmo.

“Catadores de lixo”. O nome não importa, o peso é o mesmo.


História de Angelo Felipe do Nascimento Bezerra

O “Vinho dos Trapeiros”, poema do francês Charles Baudelaire que em 1857, já citava a atividade do catador. No Brasil, no início do século XX, esse trabalho foi realizado inicialmente por imigrantes portugueses, popularizando os chamados garrafeiros. Com o passar do tempo surgem novas denominações à esta ocupação: burro-sem-rabo, sucateiro, carroceiro, carrilheiro e catador, variando de acordo com a região.
Atualmente são aproximadamente 800 mil catadores em todo Brasil, nas ruas e lixões do país, prestando um relevante trabalho para o meio ambiente e para a sociedade, embora pouco reconhecidos e muito discrimindos, grande no quantitativo, porém dispersos em razão da cultura do trabalho individual que impera entre eles.
Em 1999, é criado o Movimento Nacional dos Catadores, cujo 1º Congresso foi realizado no ano de 2001 em Brasília. Paulatinamente, a categoria toma consciência do seu tamanho e importância do seu trabalho, apresentam-se para as frentes de luta cada vez mais organizados, revindicando espaços político, social e reconhecimento dos governos e da sociedade.
Meados da primeira década deste século, nos espaços de discussões criados na sociedade para esta temática, começam a se introduzido uma nova denominações à categoria, passando a serem chamados de “agentes ambientais” ou “agentes de coleta seletiva”. Ao longo do tempo modificam-se as formas de chamar estes trabalhadores, mas os estigmas, preconcitos e descriminações continuam as mesmas do século passado.
Data de 1962, no Recife, um estudo sobre o “Aproveitamento do Lixo da Cidade do Recife,” título do referido estudo, no qual, o texto se refere aos catadores como: “[...] desocupados que acorrem ao local à procura daquilo que possam vender [...].” Isso demostra com nítides o tratamento e a falta de responsabilidades com que o poder público tratavam deste assunto. A inexistência de políticas públicas de outrora nos deixou uma herança de degradação desta categoria, mas que não isenta as responsabilidades dos governos atuais e futuros, é urgente a consolidadação de políticas que reconheça estes trabalhadores, que fomente a organização e otimize a atividade, garantindo-lhes o espaço devido nos campos da economia, política, social e sobretudo da cidadania.